Apelo às mulheres: deixem de ser frouxas.

Eu Sou RAD
5 min readJul 18, 2021

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Estou aqui há mais de 1 hora pensando no que escrever que vocês já não saibam ou estejam cansadas (assumindo que a maior parte das pessoas que me leem são mulheres) de saber.

Uma moça fez um comentário sobre este caso. Por respeito e por querer mantê-la em segurança, o deletei. Independente, eu não sabia. Assim como todas as pessoas “normais”, eu tenho vida, vocês também têm as suas e os boletos chegam igualmente para todos no fim ou começo do mês. Enfim. Para além disso, eu mesma não dou conta de acompanhar todos os casos de Feminicídio aqui do Brasil (nem vou entrar na questão do mundo). Simplesmente não dá. Uma pela incapacidade mesmo de dar conta de tudo: seria necessário que eu ficasse 24/7 pendente de todas as notícias e deixasse de lado a minha vida. Outra pela questão psicológica e finalmente para não estar falando do “óbvio”: homens odeiam mulheres.

As coisas que eu escrevo aqui partem muito do “sentido comum”. Não sou estudiosa, não dedico horas a fio ao estudo da teoria feminista, nada disso. Reservo um par de horas na noite para ler a respeito, quando não estou discutindo com amigas muito próximas e a quem tenho extrema confiança, desses temas mais delicados.

Vitórya Melissa é uma das últimas vítimas deste sistema infame, que a maioria das pessoas se recusa em acreditar que ele exista. Obviamente que entender o “patriarcado” não é fácil. Ele é uma das inúmeras raízes do capitalismo, do sistema que prega que DEVE existir um polo dominante que domine a uma maioria a qualquer preço. Daí vocês que acreditam na “democracia”, também veem que é um sistema “bom” para se viver. Não é. Nunca será, também.

Nunca será porque não tratamos o mal que aflige a maioria, que está quase no nosso dna: a opressão.

Muito embora existam mulheres que digam que mulheres e homens são iguais (não são) e que as diferenças entre os sexos são ruins (também não são), o que vemos é que na configuração “atual” deste sistema, a luta pelo poder sempre será o ponto de conflito.

Vocês sabem que mulheres foram “projetadas” para terem filhos. É um fato e nada mudará essa realidade. A existência de órgãos que permitem que esse fenômeno ocorra nas mulheres é o desencadeante de todas as violências sofridas por nós. Vencem-se guerras promovidas pela ganância do homem e o troféu? Estuprar mulheres. Homens ascendem ao poder e o prêmio? Uma noite nos prostíbulos, quando não “contratam” prostitutas de luxo e fecham salões, quartos, hotéis. Homens fetichistas acham que é normal terem seus fetiches e perversões banalizados e aceitos pela sociedade. O que fazem: “tornam-se mulheres”. Estes são melhores que as que se “identificam” com sua própria opressão. Afinal, estes últimos não engravidam, seus seios artificiais não caem com o passar dos anos, suas ânsias extremas por práticas sádicas podem ser compartilhadas por outros homens também sádicos, em uma mostra clara de exibir seu “poder” perante a outros homens “alfa”. A luta entre eles é sempre pelo poder.

Vitórya Melissa era o troféu.

O assassino de Vitórya Melissa: Matheus dos Santos.

Sua empatia, na cabeça do assassino Matheus dos Santos, era uma clara prova de que ela estava demonstrando interesse por ele. Interesse sexual-afetivo, óbvio. Mas que talvez por convenções sociais retrógradas (como a de que uma mulher não deve ser a primeira a fazer o flerte para não terminar como p.), era ele quem lançava as iscas a ela.

Toda empatia será condenada.

Eu não sei até que ponto a educação é fator crucial para o desenvolvimento pleno das crianças, independente de seu sexo. Mas o que se vê, até hoje é que aos meninos, os pais “ensinam” que eles devem beijar as meninas. Mesmo que seja na marra. Parece bonito, às mães, que suas filhas sejam “galanteadas” pelos pequenos.

“Quando crescer, o Joãozinho vai namorar a Mariazinha. Olha que bonitinhos eles são. Pega na mãozinha dela, filho! Dá um beijinho nela!” E a menina, sempre acuada, sem saber que está sendo violentada, acata. Porque é uma brincadeira inofensiva. E assim ela cresce achando que o Mário, o namorado dela, gritar ou ficar irritado demais é uma maneira que ele tem de demonstrar afeto à ela. Mas não: Mário é dono de Maria, não seu namorado ou companheiro. Mário é um sujeito incapaz de lidar com seus próprios sentimentos, porque “sentir” é coisa pra fiado, não pra macho.

Crianças não namoram.

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O que eu quero pedir a TODAS.

Mulheres: deixem de ser frouxas, inocentes, de ser fracas. Vocês não têm mais o direito de estar na posição de submissão. De que estes trágicos e horríveis crimes não chegarão a vocês, porque vocês “andam certo” nas ruas.

Vocês devem entender que o que estamos vivendo é sim uma guerra. Vocês aceitem ou não, a realidade é essa.

O que fazer então? É imperativo que vocês saiam dessa posição de passividade e inação. Mantenham-se alertas, façam exercícios físicos, cuidem da sua alimentação. Aprendam a correr, comecem a correr. Além dos inúmeros benefícios à saúde (controle de depressão, ansiedade, etc.), a prática da corrida te dará agilidade necessária e desenvolverá em você um estado de atenção mais aguçado que o da maioria.

Aprendam a usar f@k@$. Façam bolsas de areia, de terra e treinem em casa. Treinem com amigas, chamem suas amigas para correr, mantenham-se saudáveis o bastante para que quando uma eminente catástrofe possa acontecer, vocês saibam manipular rapidamente a f@k@, estoquear no cidadão e vocês correrem o mais rápido que puderem para evitar o pior. O “depois” (porque tenham certeza que vocês serão sim incriminadas pela Justiça) se resolve depois.

Onna Bugeisha, mulher samurai.

Aprendam a correr, se movimentem. Usem seus corpos como armas. Aprendam a estocar e deixem de ser submissas e “coitadinhas”. Isso é o que nos fizeram crer.

Todas temos o direito de mudar.

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